quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

"Um pouquinho do que é ser Negro no Brasil..."

Publicado em Segunda, 23 Janeiro 2012 13:15 - de 



negros no brasil
CONEXÃO REPÓRTER mostra quais as formas que o racismo é apresentado no Brasil. 






- Defensoria do Rio terá primeiro concurso público com cotas para negros e indígenas!!!

cotasparanegros
O próximo concurso público para Defensoria do Rio de Janeiro vai destinar 20% das vagas para negros e indígenas, segundo notícia da Agência Brasil. A previsão do concurso é para março e o regulamento foi publicado na terça-feira (24/1) no Diário Oficial do Governo do Estado.


Os candidatos que se autodeclararem negros ou indígenas, se forem aprovados, terão vantagem em eventual empate, bem como se o número de aprovados passar do número de vagas. O defensor público geral do Rio, Nilson Bruno, que é negro, acredita que a medida democratizará o acesso a um grupo que não tem condições financeiras para se preparar para um concurso como esse.
"Em um universo de 773 defensores, temos entre dez e 12 negros. Eu sou o único secretário de estado negro no Rio de Janeiro", declarou o defensor. Em junho do ano passado, o governador do Rio, Sérgio Cabral, assinou decreto que determina que todos os concursos públicos no estado reservem 20% de suas vagas para negros e indígenas.
Na opinião de Frei Davi, um dos fundadores do grupo Educafro, entidade de inclusão educacional de negros no país, a Defensoria do Rio se adianta e sai da meritocracia injusta, adotada pelas instituições públicas. Ele afirmou que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 51% da população brasileira é afrodescendente. No entanto, menos de 2% dos defensores públicos são negros. O número de juízes e de promotores negros não chega a 1% na maioria dos estados brasileiros.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

- Secretário do Planejamento morre por falta de atendimento


X: Eu não acreditaria que isso aconteceu com uma pessoa com uma vida política e classe social que ele tem se eu não tivesse visto a foto dele. Divisão econômica ou racial? tinha neh...

Y: Pois é, ninguém levantou isso, mas, principalmente se a família que o levou à emergência for negra, certamente negaram a atendê-lo pq, por ser negro, o julgaram como alguém que não poderia pagar a conta do hospital... ?????

X: eu penso a mesma coisa. Tem gente que acha que dinheiro e cargos acabam com o preconceito de cor. Isso é pura mentira, não importa quanto vc tem no banco, quando um homem negro senta no banco de motorista de um carro de luxo, as pessoas ainda acham que ele é o motorista de algum branco. Se fosse só a questão de status eu não acharia tão grave, o problema é quando interfere no acesso a direitos humanos e constitucionais, aí fica foda de engolir!!! "

Y ‎"Que isso, todo mundo sofre com a precariedade da saúde, vamos parar de ser negris neuróticxs, tsc." Fala sério né, é obvio, uma pessoa preta se lasca feio, com certeza há componente de racismo na parada... pra ser diferente, só se esse mundo fosse outro. =/ - Brasil, quem num te conhece que te compre!  Aluno negro apanha na USP; modelo negro num circo caótico de reality show; secretaria negro morrendo por negligência hospitalar; inferno na Cracolândia... eita 2012 de merda no ventilador!  - "O Haiti é aqui, o Haiti não é aqui..."


***
Publicação: 20/01/2012 10:08 Atualização:

 (Carlos Vieira/CB/D.A Press )


    O secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira, morreu às 5h30 de quinta-feira (19), aos 56 anos. Após sofrer um infarto agudo do miocárdio quando estava em casa, na 303 Sul, foi levado aos hospitais Santa Lúcia e Santa Luzia. Mas, sem um talão de cheques em mãos, teve o atendimento negado. Ele era conveniado da Geap, plano não coberto pelos dois hospitais, segundo as centrais de atendimento. Quando chegou ao Hospital Planalto — o terceiro na busca por uma emergência —, o quadro já estava avançado e os médicos não conseguiram reanimá-lo.

  Procurado pelo Correio, o Hospital Santa Lúcia informou que o caso estava sendo avaliado pelo seu Departamento Jurídico. O Santa Luzia garantiu não ter qualquer registro da entrada de Duvanier na emergência. “Iniciamos um levantamento para verificar o assunto”, assegurou Marisa Makiyama, diretora técnica assistencial do estabelecimento. O Hospital Planalto ressaltou que não se pronunciaria devido ao fim do expediente. Duvanier era o responsável pela gestão dos servidores públicos federais e o homem forte da presidente Dilma Rousseff para liderar as negociações com sindicatos e demais entidades representantes do funcionalismo. 

    O diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Onofre Moraes, afirmou que, diante das denúncias de servidores e dos relatos levados a ele pelo Correio, abrirá inquérito para apurar as condições e o atendimento recebido por Duvanier Paiva nos hospitais Santa Lúcia e Santa Luzia. Se comprovado que houve negligência, os responsáveis poderão ser punidos. A exigência de cheque, cartão de crédito ou outros valores a título de caução para pacientes que alegam possuir plano de saúde é expressamente ilegal. 

Órgãos de defesa do consumidor ouvidos pelo Correio consideraram gravíssima a recusa de atendimento a Duvanier, vítima de infarto. O artigo nº 39 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) determina, em seu inciso 5º, que o prestador de serviço não pode exigir “vantagem manifestamente excessiva” do consumidor — caso no qual se encaixa o caução, uma vez que o próprio plano de saúde é a garantia do hospital.


Estado de perigo 

   Desde 2003, a Resolução Normativa nº 44 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) também proíbe a cobrança de qualquer tipo de garantia adicional antecipada ou durante a prestação de serviço. “Não é só ilegal. É muito ilegal. Além dessas regulamentações específicas, o Código Civil protege o cidadão das cobranças abusivas no que é classificado como Estado de Perigo, que são essas situações extremas na qual o sujeito está defendendo a própria vida, como quando ele chega a um hospital buscando atendimento de emergência”, enfatizou Joana Cruz, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

    O diretor-geral do Procon-DF, Oswaldo Morais, afirmou que a recusa de atendimento é injustificável, uma vez que a identificação do paciente junto ao plano de saúde é simples de ser feita. “Os hospitais conveniados mantêm contato permanente com as operadoras. Com o número do CPF, é perfeitamente possível saber se a pessoa tem ou não o plano”, afirmou. E mesmo no caso de o hospital não aceitar o plano do paciente, o atendimento, diante do risco de morte, deve ser feito do mesmo jeito, com ressarcimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

   Morais ressaltou que o Procon pode intervir imediatamente na questão, caso seja acionado. “Nas situações em que somos avisados, podemos entrar em contato com o hospital ou com a operadora e tentar solucionar a questão rapidamente”, completou. Quando há prejuízo à saúde ou nos casos de morte pela negativa do atendimento, a família deve procurar a Justiça — nos Juizados Especiais Cíveis, em ações menores do que 40 salários mínimos ou na Justiça comum, para processos com valor acima desse teto.

   Joana Cruz, do Idec, assinalou que não há números precisos para esse tipo de ocorrência, mas que as reclamações de exigência de cheque-caução na rede privada de hospitais são corriqueiras. “Foi exatamente por essa frequência que a ANS baixou essa determinação”, concluiu.

- Cracolândia... "O Haiti é aqui. O Haiti não é aqui..."


"... Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos

Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos 
E outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se olhos do mundo inteiro possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
[...]
E todos sabem como se tratam
 os pretos..."



  Ação na Cracolândia, Janeiro de 2012... São Paulo - Brasil...  


- "Ser aluno negro da universidade mais renomada do país e portanto pertencer a uma elite cultural não garante qualquer blindagem..."


Lugar de Negro, 30 anos depois
Nelson Inocencio

Quando Lélia Gonzáles e Carlos Hasenbalg publicaram um pequeno livro intitulado Lugar de Negro, em 1982, abordando o racismo e os problemas dele decorrentes, denunciaram a crença, corriqueira no Brasil, de que negros e negras deveriam peremptoriamente ocupar os espaços e as funções mais desvalorizados possíveis. No inicio dos anos 1980, os autores tentavam diagnosticar os efeitos perversos da violência racial, alimentada por um imaginário contaminado pelo legado da escravidão.
Trinta anos depois, a atualidade desse texto é constatada por cenas estarrecedoras como as que foram postadas na internet recentemente, mostrando a ação da Polícia Militar no campus Butantã da Universidade de São Paulo. Uma aparente negociação entre membros da tropa e universitários que ocupavam um dos prédios da USP, onde decidiram instalar o DCE, terminou com um rompante do sargento André Luis Ferreira, tamanho foi o seu mal-estar ante a presença naquele espaço de Nicolas Menezes Barreto, graduando do curso de Ciências da Natureza daquela instituição.
O policial parece ter detectado um corpo estranho no ambiente e logo tratou de tomar suas providências: colocar em cheque a legitimidade do rapaz e agredi-lo fisicamente diante dos colegas. Um espetáculo humilhante. Nicolas reconhece que era o único universitário de tez escura a participar daquilo que seria supostamente um diálogo. Não levou muito tempo para perceber que sua presença no recinto era incômoda.   

Esse episódio merece nossa atenção. Talvez Nicolas esteja equivocado ao alegar que aquele ato se constituía em uma prática de racismo implícito por parte do policial.
O ocorrido foi uma manifestação explicita de intolerância que reforça as noções de que espaços de prestígio como a USP não são para negros. Incidimos em erro quando tendemos a atribuir a ações desmesuradas como esta um caráter particular, individual. O imaginário deque falavam Gonzales e Hasenbalg está aí, com sua dimensão ideológica, insuflando posturas reacionárias contra quaisquer políticas públicas que vislumbrem uma participação maior de tantos Nicolas nos campi das universidades brasileiras.
O afastamento do sargento, bem como de seu colega, o soldado Rafael Ribeiro Fazolin, por desvio de conduta, obviamente cumpre uma função estratégica diante da evidência do registro das imagens capturadas. Todavia, reduzir o problema a um ou dois membros da corporação é uma simplificação absurda. A questão está relacionada a um ethos que norteia o aparato de segurança. Pessoas negras tem sido historicamente o alvo preferencial das abordagens policiais, independente da condição social.
Para os alegres equivocados, como diria o saudoso Abdias do Nascimento, que persistem em dizer que tudo é questão de classe, fica mais um desafio. Ser aluno negro da universidade mais renomada do país e portanto pertencer a uma elite cultural não garante qualquer blindagem, não impede que o olho clínico do racismo identifique aqui e ali as pessoas que supostamente deveriam exercer outras atividades que não as intelectuais.
Aos docentes e pesquisadores que ainda investem no diálogo entre universidade e sociedade o referido acontecimento é um convite à reflexão sobre relações raciais no Brasil. Algo que grande parte da elite nacional terminantemente recusa-se a fazer.

FONTE: 

- É preto? É suspeito. Ou sobre a rara presença negra nos bancos escolares da USP

preto e suspeito



 
Publicado em Terça, 10 Janeiro 2012 16:39 - 
http://www.geledes.org.br


Houve no twitter quem perguntasse se o rapaz agredido na Universidade de São Paulo era realmente estudante da USP. Por que a dúvida? Se ele estava no centro de estudantes e afirmava ser aluno da universidade?


As universidades brasileiras de um modo geral têm poucos Ícaros, mas na USP a presença de negros nos bancos escolares é tão rara que o policial viu-se no direito de encher de porrada o estudante e lhe apontar uma arma. O policial agressor diz "Eu sou policial, eu sou policial". Para ele, sua farda lhe dá licença para bater. Quando outros alunos solicitam a identificação do policial agressor, ele diz: "Não estou fazendo nada de errado". Espancar um rapaz negro é ação legítima para a PM de São Paulo que age como capitão do mato em plena luz do dia dentro de uma universidade. Podem imaginar o que essa mesma PM faz à noite nas periferias da cidade?
No Brasil do "não somos racistas de Kamel, Magnolis e Demóstenes ser preto é ser suspeito e a universidade não é o seu lugar. Como diz Sueli Carneiro: "Para o racista a negritude chega sempre na frente dos signos de prestígio social". Assim, para o policial agressor um centro de estudantes não é lugar de preto. No máximo tolera-se a presença negra nesses espaços de prestígio social se ela estiver com vassoura ou latão de lixo na mão.
Pois bem, Nicolas Menezes Barreto é estudante de Ciências da Natureza na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), USP Leste. É ele o aluno agredido no vídeo aqui. Abaixo, depois da agressão, Nicolas mostra sua carteira de estudante da USP. Isso muda algo no fato de um policial abusar de sua autoridade contra um cidadão?

Fonte: Maria Frô

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

- O Racismo Cordial da Rede Globo no BBB-12

O PEDRO BIAL tinha de perguntar ao único negro do programa Big Brother Brasil 12 se o critério racial, ou o que comumente se chama de cotas, seria um bom critério de eleição para um dos participantes do programa. Ele tinha de fazer isso. E aquele garoto, o Daniel, tinha de responder que “não, porque eu acho que não tem que ter cota pra nada, a gente é igual cara, embaixo da pele é sangue, e o sangue é vermelho”, querendo dizer que todos somos iguais; o que ninguém disse ou tinha de dizer naquele programa, e em rede nacional, é que nós negros sempre soubemos disso, e que apenas a ‘elite branca racista’ deste país é que discorda da assertiva daquele garoto negro, ou “negão” como o apresentador preferiu denomina-lo.

É como se a Rede Globo, principal representante disto que chamamos de ‘elite branca racista’ deste país, estivesse cumprindo o seu papel. Digo isso porque estou certo que comparto da opinião de muitos dos militantes negros – que ao serem acordados às portas desta madrugada do dia 11 de janeiro, pois foi assim que soube de mais esta investida contra as ações afirmativas, com a avaliação inocente de que esta rede de televisão não é legítima para fazer este debate –, que esse tema, o da questão racial brasileira, não é nosso, que esse tema pertence a todos os brasileiros e tem lados. Que o nosso papel é o de defender a nossa posição e a ‘elite branca racista’ o dela, com isso, repito: a Rede Globo cumpre o seu papel.

Sabemos ainda que as armas não são paritárias, e que não devemos esperar que a ‘elite branca racista’ nos seja leal e honrosa. Que esta mesma elite só se afastará deste debate quando destruí-lo, por tê-lo deslegitimado; ou quando puder tirar algum proveito dele. Que a ‘tolerância’ é uma das grandes ferramentas que forjamos no século passado para impor os ‘direitos das minorias’, pois não podemos obrigar a ‘elite branca racista’ a nos amar, mas compeli-la a nos admitir no mesmo espaço público e de poder sim, isso nós podemos.

Sabemos também que no momento histórico em que o IBGE afirma sermos nós negros mais de 50% da população, um apresentador perguntar ao único jovem negro de um programa, em meio a 16 participantes, se o critério racial é um critério legítimo de eleição, por mais esdrúxula que possa parecer tal pergunta, considerando tamanha ousadia frente à evidência, que este gesto é uma posição de ataque, é um desafio, e que devemos sempre estar ‘a postos’ para responder à altura; muito embora o constrangimento esculpido no rosto do garoto Daniel não nos permita sequer condená-lo, pois apenas mais uma vítima.

E que não devemos descansar, assim como não fizeram João de Deus, Lucas Dantas, Manuel Faustino, Luís Gonzaga das Virgens, Luiz Gama, William Edward Burghardt Du Bois, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, Malcom X, Martin Luther King, Steve Biko, Patrice Lumumba, Cheikh Anta-Diop, Elbert "Big Man" Howard, Huey P. Newton, Sherman Forte, Bobby Seale, Reggie Forte e Little Bobby Hutton, Angela Davis e muitos outros e outras que começaram “de longe” a nossa batalha e que nós devemos continuar dando seguimento.

Um Axé a todos e todas, vamos nos aliar a campanha iniciada pela nossa Magnífica Ivete Sacramento e não assistir a este programa, apenas isso.



CLEIFSON DIAS é Bacharel em Direito pela Universidade Católica do Salvador.


Veja o vídeo:

- Cotistas se dão bem na sua maior prova: a carreira

cotas para negros avaliacao
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Nove em cada 10 formandos beneficiados por reserva de vagas estão no mercado de trabalho. Seis, na sua área de formação
POR MARIA LUISA BARROS
Oito anos após o início do programa de reserva de vagas no ensino superior para negros e estudantes da rede pública, ex-cotistas estão se saindo muito bem na prova mais importante: a carreira profissional. Sete em cada dez estudantes que ingressaram na universidade pelo sistema de cotas já conquistaram uma vaga no mercado de trabalho, sendo seis deles na sua área de formação. Dois se preparam para concursos e apenas um não conseguiu emprego após a formatura.
Os dados inéditos fazem parte da primeira pesquisa feita, no ano passado, pela Universidade do Estado do Rio (Uerj), com 20% dos 4.280 ex-cotistas. O levantamento coordenado pela Sub-reitoria de Graduação revelou que 90% dos cotistas pioneiros não pensam em parar os estudos. Entre os egressos, 67% já concluíram cursos de pós-graduação e 39% frequentam mestrado, como Bruna Melo dos Santos, 30 anos.
Formada em História, ela está na segunda faculdade, de Arquivologia, que concilia com o curso de mestrado. "Eu só precisava de uma chance de provar que era capaz. Daqui a dois anos pretendo fazer doutorado na Inglaterra", planeja ela, que agradece aos patrões da mãe, doméstica, pela ajuda nos anos difíceis da faculdade. "Eles me davam vales-alimentação, transporte e até curso de inglês. Foram anjos na minha vida", conta Bruna, que viu o padrão de vida mudar após os estudos. Ela comprou um apartamento junto com o marido, também ex-cotista, e se mudou de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, para Irajá, na Zona Norte do Rio, para ficar mais perto do trabalho.
As amigas Ana Paula Ferreira de Melo, 27, e Camila Rodrigues de Souza, 26, trilharam o mesmo caminho, fazendo as duas faculdades. Ana Paula é professora das redes municipal e estadual do Rio e Camila trabalha como arquivista na iniciativa privada.
"Vejo nos meus alunos que a maioria não sonha. Tento servir de exemplo", diz Ana, que também comprou apartamento. "Estudávamos muito porque a cobrança era maior em cima da gente. Não queríamos que ninguém dissesse que jogamos fora a oportunidade", conta Camila.
Beneficiados por cota se formam mais que os outros
Formada na primeira turma de cotistas da Uerj, em março de 2007, a dentista Priscila Seraphim, 26 anos, é a prova de que, às vezes, basta uma oportunidade. Ela se divide em três clínicas odontológicas e o curso de especialização. Durante a faculdade, Priscila contou com a ajuda da aposentadoria da avó para custear R$ 2 mil por semestre com o material da aula prática, livros, roupa branca, alimentação e transporte: "Havia livros que custavam R$ 300 e não tinha para todos na biblioteca".
Como ocorreu com Priscila, a Sub-reitoria de Graduação da Uerj identificou que a maior dificuldade dos cotistas era permanecer até a formatura. Por isso ampliou a assistência estudantil. Além da bolsa-auxílio de R$ 300 e de oficinas de reforço escolar, a universidade passou a fornecer livros, calculadoras e kits básicos para alunos de Medicina e Odontologia, que incluem instrumentos como estetoscópio e material para aulas em laboratório.
Como tartarugas da fábula, cotistas começam em desvantagem, mas podem ser os primeiros na linha de chegada, incentivados pela determinação que os leva a seguir sempre em frente. Eles se formam mais (25,9%) do que os não-cotistas (20,5%). "Agarram com unhas e dentes a oportunidade e fazem melhor uso do dinheiro público, já que não abandonam o curso", reconhece a sub-reitora Lená Menezes.

 Mais sobre o assunto: 

As cotas para negros: por que mudei de opinião

Comparato: Justiça para os negros - VÌDEO


7ª Edição do Nosso Jornal

Em 2002, quando cantavam as estrofes do samba “Moleque Atrevido” de Jorge Aragão a capela no anfiteatro 09 para uma plateia de estudantes ne...