quarta-feira, 28 de junho de 2023

7ª Edição do Nosso Jornal




Em 2002, quando cantavam as estrofes do samba “Moleque Atrevido” de Jorge Aragão a capela no anfiteatro 09 para uma plateia de estudantes negros, Cristiane Pereira e Lia Maria dos Santos estavam no início de uma longa caminhada dos legados do ativismo negro na UnB. Primas e integrantes do EnegreSer elas e muitas outras pessoas foram protagonistas da luta pelas cotas. Ao cantar, elas já pressagiam que um dia diriam para “respeitar a camisa que a gente suou” porque um dia, iríamos chegar aonde chegamos.

Chegamos aos 20 anos de cotas com uma lei federal que instituiu as cotas, com ações afirmativas na pós-graduação, com ações afirmativas para a carreira de professores e técnicos, e com muitas estrofes da música no nosso cotidiano, afinal, “enfrentamos no peito certo preconceito e muito desdém”.

A presente edição do Nosso Jornal celebra e reflete acerca dos 20 anos de cotas para estudantes negros na UnB. As cotas na UnB foram um pilar nas ações de combate ao racismo no Brasil, tanto pelo ineditismo, quanto pelo protagonismo dos estudantes negros no processo.

A edição começa com breves perfis e importantes referências intelectuais, políticas e culturais para contar um pouco de suas lembranças na UnB como Lydia Garcia, Luiza Junior, Teodoro Freire (Teodoro do Boi), Nelson Inocêncio e Mário Theodoro. Em seguida Dalila Negreiros discute o legado do EnegreSer e do julgamento de constitucionalidade das cotas em “20 anos de cotas na UnB e o Legado do EnegreSer” e “Nosso Coletivo Negro e os 11 anos do Julgamento das Cotas no STF”.

Em seguida, Roseli Faria e Eduardo Gomor analisam o impacto das cotas na UnB na instituição de lei de cotas nos concursos públicos em “Os 20 anos de Cotas raciais na UnB e as Cotas nos Concursos Públicos”. O Artur Antônio faz uma reflexão sobre a “Diversidade e Excelência Acadêmica: O Papel da Lei de Cotas na Construçãão de uma Educação Mais Equitativa”, e em outro artigo escreve sobre a importância da relação estratégica entre o movimento sindical e movimento negro. O Sindicato dos Bancários relembrou a importância da instituição do prêmio Luiz Gama. O Prof. Marcos Moreira fala sobre a missão civilizatória dos intelectuais negros. A Profª Elizabeth Maria Mamede da Costa desenvolve um artigo sobre as “estruturas institucionais das ações afirmativas na UnB” e a Samantha Silva faz uma reflexão sobre a aproximação entre Sindicato e Movimentos Sociais.

Embora os desafios sejam grandes, acreditamos firmemente que podemos superá-los. Com dedicação, luta coletiva, politização, organização, colaboração e resiliência, temos o poder de moldar um futuro mais brilhante para as futuras gerações negras. Como disse Luiza Bairros, por ocasião da sanção da Lei de Cotas: “As ações afirmativas são o meio de acelerar o processo de inclusão, de valorizar a população negra como um recurso importante no desenvolvimento do país”.

Vamos seguir em frente, com coragem e determinação, em busca de um mundo onde a justiça e a igualdade racial sejam a base de nossas ações.


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terça-feira, 15 de março de 2022

4 Anos de Terror: Sem respostas, sem justiça por Marielle Franco e Anderson Gomes


 

“Em junho, num encontro do Movimento Negro da Baixada Fluminense, justamente a respeito da violência policial, foram apresentados os seguintes dados a respeito dos corpos de “justiçados” que deram entrada no Instituto Médico Legal de Nova Iguaçu, no período entre 01/01 a 31/01: 305 brancos, 635 negros e 170 não identificados. E todos sabem que uma verdadeira guerra de extermínio instaurou-se de 15 de março pra cá e da qual nem nossas crianças negras escapam.”

Lélia Gonzalez, “O Terror Nosso de Cada dia”, 1987.

 

Ontem fez 4 anos de Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados no Rio de Janeiro. Nesses últimos 4 anos, além de clamar por justiça e pelo indiciamento dos mandantes desses assassinatos, temos nos mobilizado e exasperado pela certeza de que esse fato não é um evento isolado. O assassinato brutal de dois trabalhadores brasileiros, sendo um deles uma parlamentar negra do Rio de Janeiro, se somou a um conjunto de razões para vigilância e preocupação de diversos movimentos negros, de direitos humanos e mulheres.

Temos trabalhado incessantemente pela investigação efetiva desse assassinato. Outra estratégia de luta de diversos militantes e intelectuais negros foi o apoio profundo a candidaturas negras com o perfil de Marielle Franco: mulheres negras defensoras de pautas das agendas dos direitos humanos, antirracismo e feministas. Desde 2018, o Nosso Coletivo Negro do DF priorizou esse tipo de ação, como resposta ao terror que esse assassinato representou. Temos nos mobilizado em prol de canditadas e candidatas negras com uma agenda anti-racista, pelos direitos das mulheres negras e direitos humanos. Assim como Marielle Franco afirmava, não formos silenciadas. Porém, continuamos muito vulneráveis a grupos paramilitares que dominam diversos estados brasileiros.

Esse modelo de controle paralelo do território, elaborado por anos no Rio de Janeiro, que se consolidou com a milícia, está sendo replicado por todo o país. Em vários estados, os agentes do estado sabem da existência e atuação desses grupos, mas ora são coniventes, participantes, ou displicentes em coibir, investigar e interromper a atuação das milícias.Essa inação tem nos poderes judiciário, legislativo e executivo grandes aliados.

Nesse sentido, somos inspiradas e assombradas pela repetição dos mesmos padrões de ameaças, discurso de ódio, assassinatos de reputações, homicídios e grupos de extermínio em ação diuturnamente, sem barreiras no país. Temos acompanhado parlamentares negras mulheres resistirem a ameaças, tentativas de assassinatos e um desrespeito contínuo, mesmo nas casas legislativas nas quais elas são legítimas representantes da população.

Ao mesmo tempo em que nos colocamos como ativistas para que mais e mais mulheres negras como Marielle Franco sejam representadas, respeitadas e tenham condições de exercer o seu papel político, apontamos para a centralidade da agenda do enfrentamento às milícias, a falta de investigação de assassinatos no Brasil, especialmente quando envolvem policiais. Essa agenda é central para que, efetivamente, casos como o de Marielle não continuam a se repetir a cada 23 minutos no Brasil.  

 

Elaborado por Dalila Negreiros com a colaboração de Janaína Bittencourt

 

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segunda-feira, 22 de novembro de 2021

6ª Edição do Nosso Jornal

Olá, gente!

Com alegria, publicamos a 6a Edição do Nosso Jornal. Nesta edição, convidamos grandes intelectuais e ativistas como Edson Cardoso, Gladys Mitchell-Walthour, Roseli Faria, Felipe da Silva Freitas, Artur Antônio dos Santos Araújo e Dalila Negreiros para pensarmos juntos por onde a gente pode apontar caminhos para reconstruir o Brasil. Esses caminhos passam pelas Eleições do ano que vem (2022), pela fome, pela política econômica e orçamentária, pela reflexão sobre os impactos da continuação da Pandemia de Covid-19, mas, também por caminhos diversos como a Década Internacional dos Afrodescendentes, as coalizões internacionais de apoio ao Brasil, a arte negra e toda e qualquer forma de resistência, sobrevivência e, principalmente, esperança. 

 

Link: Nosso Jornal 6ª Edição 

 

 

7ª Edição do Nosso Jornal

Em 2002, quando cantavam as estrofes do samba “Moleque Atrevido” de Jorge Aragão a capela no anfiteatro 09 para uma plateia de estudantes ne...