Em 2002, quando cantavam as estrofes do samba “Moleque Atrevido” de Jorge Aragão a capela no anfiteatro 09 para uma plateia de estudantes negros, Cristiane Pereira e Lia Maria dos Santos estavam no início de uma longa caminhada dos legados do ativismo negro na UnB. Primas e integrantes do EnegreSer elas e muitas outras pessoas foram protagonistas da luta pelas cotas. Ao cantar, elas já pressagiam que um dia diriam para “respeitar a camisa que a gente suou” porque um dia, iríamos chegar aonde chegamos.
Chegamos aos 20 anos de cotas com uma lei federal que
instituiu as cotas, com ações afirmativas na pós-graduação, com ações
afirmativas para a carreira de professores e técnicos, e com muitas estrofes da
música no nosso cotidiano, afinal, “enfrentamos no peito certo preconceito e
muito desdém”.
A presente edição do Nosso Jornal celebra e reflete acerca
dos 20 anos de cotas para estudantes negros na UnB. As cotas na UnB foram um
pilar nas ações de combate ao racismo no Brasil, tanto pelo ineditismo, quanto
pelo protagonismo dos estudantes negros no processo.
A edição começa com breves perfis e importantes referências
intelectuais, políticas e culturais para contar um pouco de suas lembranças na
UnB como Lydia Garcia, Luiza Junior, Teodoro Freire (Teodoro do Boi), Nelson
Inocêncio e Mário Theodoro. Em seguida Dalila Negreiros discute o legado do
EnegreSer e do julgamento de constitucionalidade das cotas em “20 anos de cotas
na UnB e o Legado do EnegreSer” e “Nosso Coletivo Negro e os 11 anos do
Julgamento das Cotas no STF”.
Em seguida, Roseli Faria e Eduardo Gomor analisam o impacto
das cotas na UnB na instituição de lei de cotas nos concursos públicos em “Os
20 anos de Cotas raciais na UnB e as Cotas nos Concursos Públicos”. O Artur
Antônio faz uma reflexão sobre a “Diversidade e Excelência Acadêmica: O Papel
da Lei de Cotas na Construçãão de uma Educação Mais Equitativa”, e em outro
artigo escreve sobre a importância da relação estratégica entre o movimento
sindical e movimento negro. O Sindicato dos Bancários relembrou a importância
da instituição do prêmio Luiz Gama. O Prof. Marcos Moreira fala sobre a missão
civilizatória dos intelectuais negros. A Profª Elizabeth Maria Mamede da Costa
desenvolve um artigo sobre as “estruturas institucionais das ações afirmativas
na UnB” e a Samantha Silva faz uma reflexão sobre a aproximação entre Sindicato
e Movimentos Sociais.
Embora os desafios sejam grandes, acreditamos firmemente que
podemos superá-los. Com dedicação, luta coletiva, politização, organização,
colaboração e resiliência, temos o poder de moldar um futuro mais brilhante
para as futuras gerações negras. Como disse Luiza Bairros, por ocasião da
sanção da Lei de Cotas: “As ações afirmativas são o meio de acelerar o processo
de inclusão, de valorizar a população negra como um recurso importante no
desenvolvimento do país”.
Vamos seguir em frente, com coragem e determinação, em busca de um mundo onde a justiça e a igualdade racial sejam a base de nossas ações.
Acesse a 7ª Edição do Nosso Jornal.