A Cúpula Mundial de Juventude Afrodescendente (CUMJUVA) realizada entre os dias 05 e 07 de outubro proporcionou um extenso e amplo debate entre os jovens sobre as problemáticas que impactam no exercício de seus direitos, a exemplo do racismo. Os jovens afrodescendentes compartilharam, por meio de conferências e de diálogos em mesas de trabalho, as experiências vivenciadas por eles nas áreas de educação, segurança, redes juvenis, direitos sexuais, imigração, terra e moradia, comunicação, acesso à justiça, violência, emprego e empreendedorismo, dentre outros.
Os debates e propostas de políticas públicas que permearam e foram condensadas durante a Cúpula foram compiladas na Declaração Final de San Jose CUMJUVA 2011, onde reúne 24 demandas da juventude afrodescendente do mundo. As propostas visam garantir a incidência dos jovens numa agenda global, a partir do controle social das políticas públicas e na permissão de uma inclusão equitativa para a juventude negra.
Extermínio da Juventude Negra
O Brasil foi representado por 15 jovens provenientes dos estados da Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Santa Catarina, Piauí e Minas Gerais. O extermínio da juventude negra foi um dos destaques pontuados pela delegação brasileira nas mesas de trabalho. A juventude negra defendeu que esta é uma problemática que tem atingido grande parcela dos jovens negros e negras nas capitais brasileiras e deveria ser um ponto crucial na agenda dos governos e das agências internacionais. Salvador é a capital brasileira que apresenta os índices mais alarmantes quando se trata de extermínio dos jovens.
“A violência e o extermínio da juventude negra são temas recorrentes na agenda de grande parte dos países, senão em toda parte do mundo. Penso que precisamos, mas do que nunca, priorizar este tema e, sobretudo, pressionar os estados que são os agentes destas práticas, a desenvolverem políticas públicas para evitar que a situação continue neste nível de grande preocupação para toda a sociedade a nível mundial”, destacou o jovem baiano Michel Chagas, que participou do encontro.
Para ele, a CUMJUVA, além de ter sido um momento de aprendizado e construção para a juventude, também foi um espaço para mostrar o protagonismo da juventude negra, em termos autonomia, capacidade de organização, articulação e formulação. “A CUMJUVA 2011 é um marco de uma iniciativa estratégica de ação articulada da juventude negra em todas as partes do mundo. Espero que consigamos manter esta iniciativa viva e operante”, disse Chagas.
Compromissos assumidos
Os três dias do CUMJUVA foram marcados por debates, palestras e mesas de trabalho, nas quais os jovens puderam ouvir dos representantes de governo de diversos países, agências de cooperação e de organismos regionais e internacionais, as propostas de gestão e quais as formas de comprometimento dos mesmos para com a juventude negra mundial.
Os compromissos assumidos perante os mais de 150 jovens afrodescendentes estão relacionados à promoção e adoção de instrumentos internacionais que garantam o pleno direito e desenvolvimento desta população. O diretor regional adjunto para a América Latina e Caribe do UNFPA (Fundo de População das Nações Unidas) Luis Mora, que participou da conferência de abertura do CUMJUVA afirmou que pela primeira vez na história deste ano, o mundo alcançará o número de sete milhões de jovens (15-24 anos).
“Precisamos avançar em sistema de informações sobre esta população. Por isso, acreditamos que três pautas desta juventude são importantes para estarmos atuando: educação, emprego e a gravidez de adolescentes. Nos últimos 30 anos a taxa de adolescentes grávidas não diminuiu e um dos principais problemas que influenciam estas questões é a falta de informação sistemática sobre estas populações, da qual precisamos avançar”, destacou Mora.
O fortalecimento de uma rede afro-intercontinental que permita a troca de experiências e o intercâmbio cultural e educacional foi uma das expectativas pontuadas pelos representantes. “Estar aqui é assumir o compromisso de enfrentar todas as dificuldades para se reunir, tendo em vista o racismo que combatemos diariamente no mundo. Então estamos aceitando o desafio de sermos protagonistas, apesar de todos os entraves encontrados neste trabalho. Esta é a hora de lançarmos uma agenda conjunta e combater a desigualdade e discriminação que nos atinge, pois no mundo a desigualdade tem cara negra”, salientou a coordenadora do Centro de Mulheres Afro-costariquenha e integrante do Parlamento Negro das Américas, Epsy Campbell.
Ela, que foi pré-candidata à presidência da Costa Rica em 2006, ressaltou a importância e necessidade da juventude afrodescendente ocupar espaços no poder político, como forma de garantir uma educação de qualidade. “Apesar de todos os obstáculos que nos são postos, estarmos aqui reunidos hoje é um tempo para esperança e de continuar lutando pelos nossos direitos”, enfatizou Campbell.
O aumento do contingente de jovens no mundo, consequentemente de jovens negros, está atrelado à importância de sua participação dos espaços políticos, conforme ressaltou a secretária de políticas de ações afirmativas da SEPPIR, Anhamona Brito. “Os jovens precisam ser reconhecidos enquanto sujeitos políticos que têm seus anseios e necessidades. O que percebemos é que atualmente o que unifica a juventude afrodescendente é o racismo, ao mesmo tempo em que unifica, ele também segrega. O racismo dá vazão a uma separação sociológica a justificar a distribuições de condições morais e sociais. Pensar na mudança desse paradigma tem que ser nossa prioridade”, disse.
O aumento do contingente de jovens no mundo, consequentemente de jovens negros, está atrelado à importância de sua participação dos espaços políticos, conforme ressaltou a secretária de políticas de ações afirmativas da SEPPIR, Anhamona Brito. “Os jovens precisam ser reconhecidos enquanto sujeitos políticos que têm seus anseios e necessidades. O que percebemos é que atualmente o que unifica a juventude afrodescendente é o racismo, ao mesmo tempo em que unifica, ele também segrega. O racismo dá vazão a uma separação sociológica a justificar a distribuições de condições morais e sociais. Pensar na mudança desse paradigma tem que ser nossa prioridade”, disse.
Postado por Instituto Mídia Étnica em 11 outubro 2011 às 17:30
FONTE: http://correionago.ning.com
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