segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Feliz Kwanzaa!

Por Hernani Francisco da Silva
O natal de muitos Afro-americanos é comemorado em 26 de dezembro, nesta data muitos comemoram o Kwanzaa, uma festa que se originou na época do movimento pelos direitos civis na década de 1960. Uma comemoração do patrimônio da Afrohumanidade. Kwanzaa uma palavra africana da língua suaíli idioma banto com o número maior de falantes. Na África tradicional Kwanzaa representa as primeiras colheitas; na América do Norte e Caribe os participantes dessa festa são afrodescendentes.
Esta celebração está a espalhar-se lentamente pelos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Caribe e já se podem enviar postais a desejar "Feliz Kwanzaa". Toda a celebração e os rituais da Kwanzaa foram concebidos após as famosas e terríveis revoltas de Watts, em 1966. Ele buscou em remotas tradições africanas valores que fossem cultivados pelos afro-americanos naqueles terríveis dias de lutas pelos direitos civis, de assassinatos de seus principais líderes e que, não sendo religiosos, pudessem atrair - como atraíram - todas as Igrejas Negras em todo o país e, no futuro, pelo mundo afora. O Kwanzaa foi idealizado por Maulana Karenga, que organizou a Kwanzaa em torno de 5 atividades fundamentais, comuns às celebrações africanas da colheita das primeiras frutas:
  • a reunião da família, de amigos, e da comunidade;
  • a reverência ao criador e à criação, destacadamente a ação de graças e a reafirmação dos compromissos de respeitar o ambiente e "curar" o mundo;
  • a comemoração do passado honrando os antepassados, pelo aprendizado de suas lições e seguindo os exemplos das realizações da história;
  • a renovação dos compromissos com os ideais culturais mais altos da comunidade como a verdade, justiça, respeito às pessoas e à natureza, o cuidado com os vulneráveis e respeito aos anciões;
  • a celebração do "Bem da Vida" que é um conjunto de luta, realização, família, comunidade e cultura.
Karenga, diz que, "a Kwanzaa é celebrada através de rituais, diálogos, narrativas, poesia, dança, canto, batucada e outras festividades". O Kwanzaa envolve a reflexão sobre a valorização da comunidade, das crianças e da Vida. Estas atividades devem demonstrar os sete princípios, Nguzo Saba em suaíli:
  1. umoja (unidade)
  2. kujichagulia (autodeterminação)
  3. ujima (trabalho coletivo e responsabilidade)
  4. ujamaa (economia cooperativa)
  5. nia (propósito)
  6. kuumba (criatividade)
  7. imani (fé)
A cada dia uma vela de cor diferente deve ser acesa num altar onde são colocadas frutas frescas, uma espiga de milho por cada criança que houver na casa. Depois de acesa a vela, todos bebem de uma taça comum em reverência aos antepassados, e saúdam com a exclamação "Harambee", que tanto significa "reúnam todas as coisas" como "vamos fazer juntos". A grande festa é a de 1 de janeiro, quando há muita comida, muita alegria e onde cada criança deve ganhar três presentes que devem ser modestos: um livro, um objeto simbólico e um brinquedo.
Criado como um ritual para a época da colheita e usando a língua suaíli, Kwanzaa dura uma semana, durante o qual os participantes se reúnem com a família e amigos para trocar presentes à luz de uma série de velas pretas, vermelhas e verdes que simbolizam os sete valores básicos dos Afro-americanos vida familiar que é a unidade, autodeterminação trabalho coletivo e responsabilidade, economia cooperativa, propósito criatividade e fé.
Os dias que antecederam a Kwanzaa são para decorar a casa com enfeites de papel preto, vermelho e verde. Nesta festa se ensina a criança sobre sua cultura e historia. Eles colocam fotografias da atual geração da família. A celebração dura sete dias e termina com uma festa que tem alimentos africanos, e muita música. No final da festa, quando todos tiverem terminado de comer, eles todos se levantam, se comprometam com os sete princípios do Kwanzaa.
Feliz Kwanzaa!
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Fonte: Mulher Negra

domingo, 25 de dezembro de 2011

Ações contra preconceito incentivam população a se declarar negra...


NO Censo de 2010, 55,9% dos entrevistados do DF se declararam pretos ou pardos, um crescimento expressivo em relação à pesquisa de 2000. Segundo especialistas, não houve redução no número de brancos, mas as ações afirmativas têm provocado mudanças
Helena Mader - Publicação: 25/12/2011 09:41 - CORREIO BRAZILIENSE


A antropóloga Natália Maria já fez pesquisas em que pessoas negras se declararam brancas: "A resposta é menos consciente do que deveria ser"

A antropóloga Natália Maria já fez pesquisas em que pessoas negras se declararam brancas: 'A resposta é menos consciente do que deveria ser' (Carlos Vieira/CB/D.A Press)

O preconceito racial é um mal ainda enraizado no Distrito Federal, mas a sociedade brasiliense deu passos importantes rumo à igualdade na última década. Em 2000, quase metade dos moradores da capital se declararam brancos durante o Censo, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, 49,1% dos entrevistados afirmaram ter a pele branca — entre eles, muitos negros constrangidos de declarar a própria cor. No último levantamento, feito em 2010, esse número caiu expressivamente. No ano passado, a realidade se inverteu: 55,9% dos candangos se declararam negros — pretos ou pardos — e apenas 42% dos brasilienses disseram aos pesquisadores que se viam como brancos.


Os números revelam mudanças significativas na sociedade. Para especialistas, a redução do percentual não representa uma queda no contigente de brancos em Brasília. Na realidade, parte dos pretos e pardos, que no passado se declaravam brancos, passaram a se identificar de outra forma para os pesquisadores do IBGE. As políticas afirmativas e as mudanças culturais estimularam essa alteração na identidade dos brasilienses. A mesma tendência foi observada nos dados consolidados do país e de vários estados brasileiros.


O total de negros na população supera em 15 pontos percentuais a quantidade de pessoas que afirmaram ser brancas. Mas a realidade dos pretos e pardos ainda é mais difícil do que a do resto da população. Os brancos ganham muito mais do que os negros, que se concentram principalmente nas cidades mais pobres do Distrito Federal. No Brasil, o rendimento médio mensal das pessoas brancas alcançou R$ 1,5 mil, enquanto o dos cidadãos pretos e pardos foi quase a metade: R$ 833 para os negros e R$ 844 para os pardos.


Em Brasília, a desigualdade é também geográfica. No Lago Sul, bairro com a maior renda per capita da cidade, 78,6% dos moradores afirmaram ao IBGE ser brancos. No Recanto das Emas e em Santa Maria, duas das regiões que concentram a maior parte dos brasilienses carentes, apenas 31% dos habitantes fizeram a mesma declaração. Nessas duas regiões de baixa renda, mais de 65% dos moradores disseram ser pretos ou pardos.



Ações afirmativas

A antropóloga Natália Maria Alves Machado, 24 anos, conhece de perto o motivo das distorções registradas nos últimos censos. Ativista do movimento negro, ela é integrante do Nosso Coletivo Negro e da Rede Mocambos. Como pesquisadora, já aplicou questionários e viu pessoas pretas se declarando brancas ou pardas. “O racismo ainda persiste, especialmente em situações que dependem do olhar externo, como o mercado de trabalho ou as abordagens policiais. A resposta nesses questionários ainda é menos consciente do que deveria ser”, conta Natália.



Para a antropóloga, as ações afirmativas tiveram papel fundamental na transformação da sociedade e refletiram nos números apurados pelo IBGE. “Hoje, há um respaldo simbólico. As pessoas se sentem mais à vontade para se declararem como negras. A cor da pele significa muito, representa um lastro étnico e cultural que interfere nos rumos da pessoa no mundo”, explica Natália. Mas, para ela, ainda é preciso avançar muito. “O principal, a partir de agora, é a manutenção e a ampliação das ações afirmativas, como a inclusão no ensino superior e na pesquisa”, finaliza a antropóloga, que fez parte da primeira turma que ingressou na Universidade de Brasília pelo sistema de cotas para negros, em 2004.


Entre todas as políticas afirmativas criadas na última década, o programa de inclusão nas universidades é apontado como uma das mais importantes e efetivas. Como o rendimento entre os pretos e pardos ainda é muito inferior, o melhor caminho para mudar essa realidade é a educação, especialmente com o aumento de negros no ensino superior, afirmam especialistas.

O professor da Universidade de Brasília Nelson Inocêncio, coordenador do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da instituição, vê resultados positivos na luta por igualdade racial. Ele cita a eleição de Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, como um exemplo das mudanças e defende a ampliação de políticas afirmativas. “É necessário entender que toda sociedade que se constitui de maneira desigual tem que ter política diferenciada”, justifica Nelson Inocêncio.


Ele explica que as mais efetivas ações para reduzir o preconceito no país começaram a ser implantadas depois da Conferência de Durban contra o racismo, realizada há 10 anos. “A declaração de Durban, da qual o Brasil foi signatário, representou o primeiro compromisso de combate ao racismo. Ali, começamos a desenvolver algumas ações importantes”, lembra o especialista. “Mas não bastam leis e ações, a sociedade tem que estar convencida de que não temos outra saída, de que precisamos de políticas afirmativas. O grande desafio é superar o mito da democracia racial. As relações entre brancos e negros sempre foram tensas e não podemos falar em democracia sem superarmos o racismo”, finalizou Nelson.



Mudanças

Ativista do movimento negro e dona do primeiro salão especializado em penteados étnicos, Graça dos Santos acompanhou de perto essas mudanças na sociedade. Há 20 anos, ela lembra, ninguém ousava ostentar um penteado estilo black power. “O cabelo tinha que ser esticado, sem nenhuma ondulação sequer. Mas, com o tempo, as pessoas se sentiram à vontade para se afirmar negras e, hoje, a maioria não nega mais a identidade, usando cabelos com tranças ou dreads, por exemplo”, comenta Graça.



Mas a empresária e ativista lamenta que o racismo ainda seja forte no Brasil e no Distrito Federal. Ela também luta por mais igualdade entre negros e brancos. “A maioria dos pobres e analfabetos é negra. Não houve políticas para atender a esse segmento da população. Investimentos em educação e ações afirmativas são as saídas para mudar essa realidade”, defende Graça.


Especialistas afirmam que uma das medidas mais urgentes para garantir a igualdade racial é a implantação da Lei Federal nº 10.639, de 2003. Essa legislação altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e torna obrigatório o ensino de história e cultura da África e das populações negras brasileiras nas escolas de ensino fundamental e médio de todo o país. No Distrito Federal, a lei ainda não é cumprida.


A secretária de Promoção da Igualdade Racial do Distrito Federal, Josefina Serra dos Santos, afirma que técnicos da pasta têm feito reuniões periódicas com representantes da Secretaria de Educação. A ideia é cumprir a Lei 10.369. “Brasília tem que ser referência na luta por igualdade racial. Ainda é difícil assumir que é negro no Brasil e somente com a educação será possível mudar essa realidade”, afirma Josefina. “A discriminação do dia a dia dói muito e acaba com a autoestima dos negros, por isso muitos preferem se declarar como brancos no questionário do IBGE. Mas a sociedade está mudando e acredito que o percentual de negros no próximo censo será ainda maior”, comenta Josefina.


Reconhecimento

A coleta de informações a respeito da cor e da raça dos entrevistados pelos recenceadores do IBGE tem como base a autodeclaração. Os pesquisadores não interferem no resultado, ou seja, são os participantes do censo que declaram ser pretos, pardos, brancos, amarelos, brancos ou indígenas.



Indígenas

O censo do IBGE mostrou que mais de 6 mil indígenas vivem hoje no Distrito Federal. Mesmo com um crescimento populacional de 25% no DF na última década, a quantidade de indígenas caiu tanto percentualmente quanto em valores absolutos. Em 2000, eles eram 7.154 e, em 2010, apenas 6.128.




FONTE: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2011/12/25/interna_cidadesdf,284045/acoes-contra-preconceito-incentivam-populacao-a-se-declarar-negra-ou-parda.shtml#.Tvcew8xJCZw.facebook




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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

"O Racismo é um Camaleão Poliglota" é lançado, nacionalmente, em Brasília.


por Arísia Barros
O Racismo é um Camaleão Poliglota-Crônicas de Palmares/Alagoas é nosso segundo livro e tem o ousado papel de revelar, como raios-X, a intimidade da sutileza do racismo com o nosso dia-a-dia, em situações cotidianas.
As crônicas do livro "O Racismo é um Camaleão Poliglota" faz parte da Coleção Faces do Brasil, da Editora Ética 'foi' lançada nacionalmente, em Brasília, dia 15 de dezembro, no mesmo dia 'que marcou' a inauguração, na Fundação Cultural Palmares, da Biblioteca Oliveira Silveira, gaucho, professor, poeta e militante do Movimento Negro,  idealizador do Dia da Consciência Negra e o Arquivo da Fundação em sua nova sede, em Brasília.
Ambientadas, em sua maioria na terra de Zumbi, a República dos Palmares, em Alagoas, as crônicas se propõem a ir além do sentimentalismo lacrimejante, buscam inquietar o conservadorismo hierárquico da hegemonia androcêntrica do território de Cabral.
O racismo brasileiro tem um núcleo invariável: a opressão humana.
A apresentação do livro está  acargo da militante do movimento negro unificado e mestra em Educação pela Universidade Federal do Maranhão, Ilma de Fátima de Jesus que afirma:”Quando li os textos da professora, publicitária e escritora Arísia Barros pensei: o que ela escreve precisa ser publicado! São tantas verdades, tantas histórias reais do cotidiano da população negra e do nosso povo, que precisam ser compartilhadas.
A leitura das histórias promove um confronto do leitor consigo mesmo e com a memória da escravatura brasileira que nos deixou como legado o racismo visceral e latente.. São histórias que levadas para a sala de aula instigam para a reinterpretação da Lei nº 10.639/03”
Sobre a Coleção Faces do Brasil
A Coleção Faces do Brasil – História e Cultura é composta por 37 obras redigidas por professores, pesquisadores e escritores negros e indígenas de 14 estados brasileiros. Organizada pela professora Jacy Proença, ativista histórica do movimento negro brasileiro, a coleção é destinada a alunos do ensino fundamental e médio.
Sobre a Biblioteca Oliveira da Silveira
Com um acervo de aproximadamente 17 mil itens entre livros, folhetos, periódicos, imagens e CD-ROMs, a biblioteca abrirá suas portas para o público fazer pesquisas e consultar materiais diversos. Especializada em cultura afro-brasileira, o local reúne fotos, pinturas, cartazes e materiais museológicos, como arte quilombola, palharia, cerâmica e telas, que guardam parte da memória negra. Há ainda uma sala de vídeo com espaço para 16 pessoas e terminais para acesso à internet.

7ª Edição do Nosso Jornal

Em 2002, quando cantavam as estrofes do samba “Moleque Atrevido” de Jorge Aragão a capela no anfiteatro 09 para uma plateia de estudantes ne...