sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sony & Tiririca - Ganhamos de novo 'a maior indenização por racismo da história do Brasil'

Publicado em Quinta, 15 Dezembro 2011 13:43


A Sony já depositou 600 mil. Faltam os outros 600.

tiririca
FOI CONFIRMADA hoje, 14.12.2011, por 5 a 0, a decisão do TJ RJ, com cinco desembargadores, que remete para 1.200 (hum mihao e duzentosmil) a indenização a ser paga por SONY MUSIC à entidades de mulheres negras lideradas por CRIOLA, e outras, por conta da musica "Essa negra fede", de autoria do palhaço e deputado federal Tiririca.

Como advogado das entidades de mulheres negras só posso me congratular com o TJ RJ por estabelecer "a maior indenização por racismo da história do Brasil, pequena ainda se comparada com outros segmentos de dano moral, por exemplo".
Parabenizo o Dr. Fernando Cabral, jovem e brilhante advogado que me representou no julgamento de hoje, vez que impedido por outros compromissos profissionais.
Humberto Adami
Existem petições/ofício a serem juntados ao processo
Data : 07/12/2011   Protocolo : 2011.400349


Encerrando 2011, continuando debata e consciência! => 15/12, na UnB.

sábado, 10 de dezembro de 2011

- Primeira juíza negra do Brasil será nomeada desembargadora!

Por decisão unânime o Conselho do CNJ-Conselho Nacional de Justica-DF- Promoveu a Exma Sra. Dra. Luislinda Valois ao cargo de “Desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia no dia 06.12.2011. Mais do que merecida, Mulher, Negra,Guerreira, Determinada, Competente,Comprometida. Parabéns! Esta nomeação coroa com júbilo o dia 08.12 dia da Justiça e o Dia 10/12 Dia Internacional dos Direitos Humanos!
por Deise Benedito




- 10 de dezembro, "Dia Internacional dos Direitos Humanos"

Diferentes e equânimes!


Justiça e Igualdade Racial marcam entrega do Prêmio Direitos Humanos 2011

sexta-feira by Joceline GomesFotos: Daiane Souza/FCP

Foto: Daiane Souza/FCPA ministra Maria do Rosário Nunes abre cerimônia de entrega do Prêmio de Direitos Humanos 2011
A presidenta Dilma Rousseff participou nesta sexta-feira (9) da 17ª edição do Prêmio Direitos Humanos no Palácio do Planalto. A iniciativa visa homenagear pessoas e instituições que se destacaram na defesa, na promoção e no combate às violações dos direitos humanos no país. Entre os contemplados, quatro deles são pessoas preocupadas com a questão racial no Brasil.
A cerimônia antecede o Dia Internacional dos Direitos Humanos, que será comemorado amanhã (10/12), aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948.
Participaram do evento o presidente do Senado Federal, José Sarney, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), Maria do Rosário, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, deputados federais e representantes de movimentos sociais.
Premiação – A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, fez um discurso emocionado e caloroso, parabenizando todos os premiados pelas suas obras e exaltando as iniciativas individuais, mas reforçou a necessidade do trabalho coletivo. “Sozinhos podemos muito pouco. Ainda que valorizando imensamente a ação de cada indivíduo, nossa missão é criar uma cultura de direitos humanos no Brasil e expandir para o mundo o respeito por todos os povos”, explicou.
Os 21 premiados (confira a relação completa aqui) receberam, das mãos de Dilma Rousseff, um certificado assinado pela Presidenta e um troféu do artista plástico João Paulo Sirimarco Batista. O troféu, em vidro recortado, foi desenhado a partir de personagens que representam as categorias do Prêmio e as temáticas definidas e promovidas pela SDH/PR.
Causa negra – Os premiados envolvidos com a causa negra abrangem vários segmentos voltados a essa população. Premiada na categoria “Diversidade Religiosa”, Flávia da Silva Pinto realiza mutirões de orientação para legalização jurídica dos Terreiros e desenvolve um trabalho de mapeamento dos Terreiros de Matriz Africana no Rio de Janeiro.
Na categoria “Garantia dos Direitos da População em Situação de Rua”, Anderson Lopes Miranda, Líder do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), foi o premiado. Percorre o país inteiro organizando as bases do movimento, reivindicando políticas públicas. Segundo ele, a maioria da população de rua é negra, e somente com a superação do preconceito essa realidade pode mudar.
Antônio José Ferreira Lima Filho, vencedor na categoria “Erradicação do Trabalho Escravo” atende vítimas de trabalho escravo, prestando acompanhamento e monitoramento de ações judiciais contra os escravistas contemporâneos. Em suas pesquisas, Antônio constatou que mais de 70% dos escravizados é formado por negros. Para ele, políticas públicas de valorização da terra e a reforma agrária poderiam mitigar o problema.
Mulheres Negras – Creuza Maria Oliveira, presidente da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas e integrante do Conselho Nacional da Promoção da Igualdade, premiada na categoria “Igualdade Racial”, foi a representante dos vencedores no palco.
Segundo ela, a maioria das cerca de 7 milhões de trabalhadoras domésticas brasileiras são negras. Creuza fez um retrospecto da luta pela igualdade racial no país, afirmando que, desde que os negros foram “traficados” para o Brasil, há luta pelos direitos humanos. “Quando lutamos por igualdade, lutamos por toda a sociedade brasileira, por toda a humanidade. Quando um ser humano é violado em seus direitos, todos são violados”, disse, conquistando aplausos da plateia.
Creuza Maria parabenizou a presidenta Dilma Rousseff e reiterou a necessidade de se ver mais mulheres nos espaços de poder: “as mulheres fazem a diferença e queremos ver as mulheres negras nesses espaços também, governando, legislando”.
Tendo participado da 100ª Conferência do Trabalho, em Genebra, Creuza lembrou que o governo brasileiro se comprometeu a ser um dos primeiros a ratificar a Recomendação 201, que trata das trabalhadoras domésticas, e sugeriu que Dilma observasse o artigo 7º da Constituição Federal, que não estende alguns direitos trabalhistas a essas profissionais.
“Acredito que o texto, da forma como está, discrimina uma categoria de trabalhadoras formada, em sua maioria, por mulheres negras. Precisamos nos comprometer para mudar isso”, alertou. Parabenizando seus colegas premiados, concluiu afirmando que “a luta pelos direitos humanos continua, e jamais cansaremos de lutar”.
Igualdade Racial – Dilma Rousseff, em seu discurso, alegou estar emocionada por entregar este prêmio pela primeira vez como presidenta, não só pela importância dos direitos humanos ao longo da história da humanidade, mas também pela força moral e pelo sentido ético que permeia a questão.
A presidenta afirmou ainda que o Brasil tem uma trajetória “complicada” no que diz respeito aos direitos humanos pois “até 120 poucos anos atrás ainda éramos um país escravista e não há escravidão sem sequelas”, argumentou.
Segundo Dilma, a escravidão e a maneira como foi abolida permitiram que a igualdade de oportunidades e a inclusão social fossem tratadas como questões menores ao longo da história brasileira. Para a presidenta, esse comportamento não contribui para o crescimento do país.
“Criou-se a mentalidade de que, entre os 190 milhões de habitantes, alguns crescem e outros são excluídos. Uma parte é cidadã e outra é coisa. Não há possibilidade desse país ser uma nação se não for dos 190 milhões de brasileiros”, defendeu Dilma. “Não é possível um país crescer e se transformar em potência econômica se esse país não respeita os direitos humanos. Só seremos um país justo quando todos os brasileiros forem, ao mesmo tempo, livres para exercer a cidadania e terem oportunidades iguais e direitos iguais”, completou.
Premid@s:

Foto: Daiane Souza/FCP
Creuza Maria Oliveira, vítima de um passado sem muitas escolhas se dedica atualmente à luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas
Foto: Daiane Souza/FCP
Creuza discursa sobre a importância da ratificação da Recomendação 201
Foto: Daiane Souza/FCP
Anderson Lopes Miranda foi contemplado por se dedicar à luta pelos direitos dos morador@s de rua.
Foto: Daiane Souza/FCP
Ativista de Direitos Humanos, Flávia da Silva Pinto se dedica à luta pela legalização jurídica dos Terreiros
Foto: Daiane Souza/FCP
Os trabalhos de Antonio José Ferreira Lima Filho contribuíram significativamente para o avanço das ações de combate ao trabalho escravo no Brasil

- América Latina e Negra

Projeto das Nações Unidas busca combater o racismo e resgatar a importância dos afrodescendentes na formação cultural da região.

Vista de longe, de um vago senso comum, a América Latina é uma região com forte presença de negros no Brasil, de índios na Bolívia, no Peru e no Equador e de brancos na Argentina, no Uruguai e no Chile. Esse esboço de retrato da etnia latinoamericana foi construído ao longo dos séculos, desde a colonização espanhola e portuguesa no século 16. Mas o surgimento e o avanço da ideia de diversidade cultural e de respeito aos direitos humanos ampliaram a presença na foto dos afrodescendentes e estão reconstituindo a história dos escravos negros que ajudaram a colonizar a região de uma ponta à outra, do México à Patagônia.

A chegada de africanos a esse pedaço do continente se deu de modo e intensidade específicos, mas todos vieram em grandes levas. Nova corrente migratória aconteceu depois do fim da Guerra Fria. A forte crise econômica que se abateu na África trouxe outra leva de africanos para a América Latina, nos anos 1990, especialmente para países que estavam no caminho dos barcos que saíram do continente africano rumo aos Estados Unidos e à Europa. Muitos negros ficaram na costa da América Central e do Caribe.

Revisitando a história oficial, pesquisadores e instituições internacionais estimam que na América Latina e no Caribe existam 150 milhões de afrodescendentes, quase 30% de todos os habitantes da região. Ou seja, o sangue negro corre em quase um terço da população latino-americana. Em países como Brasil, Colômbia, Cuba e Panamá, a presença negra é maior. Mais de metade da população brasileira é constituída de pretos e pardos — 51,1%, segundo estimativas mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em países como Equador, Peru, Venezuela e Uruguai, eles representam entre 3% e 6% da população. Mas estão também na Argentina, no Chile e no Uruguai, ainda que essas nações, em menor ou maior grau, resistam à ideia da presença negra na sua história. O certo é que os afrodescendentes de toda a América Latina têm uma marca em comum: são vítimas da pobreza, da exclusão social e da discriminação racial.

Para provocar a discussão do tema na mídia desses países, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) convidou jornalistas latino-americanos para uma oficina (ou um workshop, em inglês, ou um taller, em espanhol) de um dia em Manágua, Nicarágua, na qual a eles foi apresentada a publicação Derechos de la población afrodescendiente de América Latina: desafíos para su implementación, que reúne estudos sobre a implementação dos pactos e dos convênios internacionais para defesa e promoção dos direitos das populações afrodescendentes. A ideia do encontro, explicou Silvia García Savino, coordenadora do projeto População Afrodescendente da América Latina, foi a de esclarecer os convidados sobre os “clichês discriminatórios que continuam a existir na relação entre populações afrodescendentes e jornalistas” (veja entrevista abaixo). Silvia lembrou que ninguém nasce racista. “O racismo se aprende em casa, na escola, no trabalho, com a imprensa.”

Falaram aos jornalistas, os representantes de conjuntos agrupados de países da América Latina. O antropólogo afrocolombiano Jhon Antón Sánchez pegou pesado ao fazer um relato da situação dos descendentes de negros na Colômbia, no Equador, no Peru e na Venezuela. Disse que o comportamento dos governos em relação ao tema é uma “falácia democrática, um liberalismo multicultural enganoso”. Os afrodescendentes, ressaltou Sánchez, vivem uma realidade “de flagrante violação dos direitos humanos”. O representante brasileiro no encontro, Marcelo Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Laeser), disse que, apesar dos avanços institucionais brasileiros, que têm servido de exemplo à região, o país está longe de praticar a justiça social. “As desigualdades entre brancos e negros se mantêm muito profundas.”

Políticas Públicas
As ações afirmativas adotadas no país para acesso à universidade, a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ligada à Presidência da República, e o recém-aprovado Estatuto da Igualdade Racial são alguns dos avanços que servem de exemplo para os demais países da América Latina.

Três perguntas para Silvia Beatriz García Savino, coordenadora do projeto População Afrodescendente da América Latina:
A América Latina demorou séculos para reconhecer a influência negra. Apesar dos avanços, os países ainda resistem a, por exemplo, incluir no Censo a pergunta sobre a identidade racial. A que se deve essa resistência?
Pareceria presunçoso contestar os países ou seus governos. Minha opinião pessoal é a seguinte: algumas pessoas não creem que seja necessário incluir a pergunta de autorreconhecimento racial porque não veem a população afrodescendente em seus países. Com isso, desconhecem que há populações afro, que tiveram descendentes e que estão presentes ali. Creio que há quem prefira ignorar que haja população afrodescendentes simplesmente porque associam o afro ao diferente e, em alguns casos, ao inferior. Finalmente, há pessoas que afirmam que não importa a ascendência racial, senão a pobreza. Porém, quando se analisam as condições de vida das populações afrodescendentes em países que têm dados a respeito, nos damos conta de que há algo mais que a pobreza e esse “algo” está associado à cor da pele e à discriminação. As perguntas sobre o autorreconhecimento étnico e racial são absolutamente necessárias para desenhar e executar políticas públicas adequadas à população e às suas necessidades diferenciadas.
Qual é a influência dos afrodescendentes na formação dos povos latino-americanos, de modo geral e com suas mais fortes particularidades?
Creio que a influência da população afrodescendente na América Latina não terminou de ser analisada. É algo complexo, em primeiro lugar, porque às vezes nos esquecemos de que não chegou à América Latina um único contingente de africanos escravizados. Vieram de distintos lugares da África, com suas próprias línguas, religiões, usos e costumes. Em segundo lugar, a população afrodescendente da América Latina sofre o que se é dado chamar “invisibilidade cultural”. Por muito tempo, quiseram nos fazer crer que não existia população afrodescendente em alguns países da América Latina e que não havia participação afro em nossa cultura latino-americana ou que essas influências eram mínimas ou, o que é pior, que eram de uma qualidade cultural menor. Essa invisibilidade cultural provoca, por sua vez, uma espiral de mais desconhecimento e de perpetuação da desvalorização de sua presença na cultura latino-americana.
Qual é a influência do povo africano na formação da alma latino-americana?
Como sabemos, faltam dados. Sua influência, no entanto, é palpável. Em alguns países, muito visíveis, mas em alguns quase inesperados. É conhecida a influência dos povos africanos na comida da América Latina, na música do Brasil, do Uruguai e da Colômbia, para citar somente alguns países. Mas há muito mais: as raízes afros da milonga, a influência de línguas africanas no português do Brasil, que, em um largo processo linguístico e cultural de resistência, alterou os níveis lexical, semântico, prosódico, sintático e fonético na língua falada, dando origem a uma variante linguística própria do Brasil, distinta do português de Portugal. A espiritualidade e a medicina africanas, que contam com seus próprios terapeutas e intérpretes de sonhos, os movimentos literários e de teatro, como a comédia negra de Buenos Aires... Só com uma visão integradora e que resgate não só as contribuições mas também os valores deixados pela presença africana na América Latina poderemos reconhecer nossa verdadeira identidade latino-americana e, só desse modo, teremos sociedades mais coesas onde, com orgulho, reconheceremos as contribuições de todas e de todos.
Qua, 20 de Outubro de 2010 14:36
Fonte: Correio Brasiliense. Matéria de Conceição Freita - que acompanhou a reunião a convite do PNUD.
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Site do PNUD "Población afrodescendientes de América Latina":
http://www.afrodescendientes-undp.org/index.php
Site do "Observatório Afro-Latino" da Fundação Palmares:
http://afro-latinos.palmares.gov.br/
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"A banda é feminina, a luta é feminina
La mar, la sangre, em mi América latina
Meu desejo é o que, seu? Desejo não me defina!
minhas história é outra, eu tô rebobinando a fita!

Hey salve! Negras do sertões, negras da bahia, salve !
Clementina, Leci e Jovelina, salve !
Nortistas, caribenhas, clandestinas, salve!
Negras da américa latina, salve!"

 
Julho de 2012, Brasília-DF-Brasil! - http://www.afrolatinas.com.br/


"Soy, todos los santos que cuelgan de mi cuello
El jugo de mi lucha no es artificial
Porque el abono de mi tierra es natural

Tú no puedes comprar el viento

Tú no puedes comprar el sol

Tú no puedes comprar la lluvia

Tú no puedes comprar el calor

Vamos caminando
Aquí se respira lucha
Vamos caminando
Yo canto porque se escucha
Vamos caminando
Aquí estamos de pie
Que viva la américa!
No puedes comprar mi vida..."

sábado, 3 de dezembro de 2011

- "Seus dias estão contados na universidade, negão!"

Por: Ana Lúcia Valente* - 29/11/2011

Essa frase foi dirigida a um motorista que me acompanharia num trabalho de campo, com alunos da disciplina Extensão Rural, no estacionamento do ICC Sul, da UnB, dia 27 de outubro.
 
Manifestação racista, que incomodou o agredido, e, assim, caracterizou crime de injúria, o que deveria ter demandado a presença de policiais, caso não estivessem paralisados.

Na condição de docente da instituição, coordenadora da atividade externa de ensino; em razão de meu currículo e da minha ascendência étnica, me senti também insultada pela clara discriminação racial e no dever de pedir a identificação ao agressor.

Mas como anda virando moda, cada vez menos alunos têm capacidade de reconhecer seus professores como autoridades, legitimamente constituídas através de processos de ingresso no Serviço Público. Alunos se sentem a vontade para desacatar quem os ensina e quando interpelados quando emitem frases racistas, sentem-se ”intimidados”.

Após ser questionado, o aluno explicou a frase racista: sua chapa para o DCE perdera a eleição e a vencedora – de “direita” - seria contra as cotas raciais! Ele, ao contrário, seria a “favor dos negros”, apesar de ter humilhado um deles ante meus dezesseis alunos presentes. 

Um colega desse aluno, ao tomar sua defesa, estudante de jornalismo deu o veredicto final aos berros: eu não estaria entendendo a questão política envolvida naquela situação! Ao me identificar como especialista em relações interétnicas, irritou-se. 

Entretanto, ao ler no site da UnB, matéria sobre as eleições no DCE, redigida por José Negreiros, da SECOM, afirmando ter ocorrido uma “derrota expressiva da esquerda”, fazendo suas as palavras de um anônimo “especialista em política estudantil” - que possui um conceito bastante duvidoso de “realidade” - é possível compreender o comportamento do aluno, seus colegas e professores que bradam palavras de ordem anacrônicas e infelizes. 

A desobediência dos alunos diante das normas existentes tem sido contumaz, mesmo as mais simples regras de sociabilidade. O quadro se torna ainda mais drástico ao constatar que professores estimulam tais práticas: aqueles que tomam a realidade como uma luta maniqueísta entre o “bem” e o “mal”, estando eles no primeiro campo. 


Falta de educação, permissividade, intolerância e autoritarismo vigem soltos, sem amarras. E então, mesmo aqueles que se dizem “de esquerda”, utilizando um discurso viciado, facilmente têm seu verniz progressista quebrado, para professar seu racismo.



Doutora em antropologia social pela USP e com pós-doutorado em antropologia na Université Catholique de Louvain, na Bélgica, atualmente é professora na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UnB. Publicou: Ser negro no Brasil hoje; Educação e diversidade cultural – um desafio da atualidade



FONTE: http://www.afropress.com/colunistasLer.asp?ID=929

  

7ª Edição do Nosso Jornal

Em 2002, quando cantavam as estrofes do samba “Moleque Atrevido” de Jorge Aragão a capela no anfiteatro 09 para uma plateia de estudantes ne...